RESTINGA MUSICAL

Este modesto espaço tem como objetivo permitir que um apaixonado por música compartilhe seus gostos e reflexões sobre o mundo musical com seus amigos e visitantes.

sábado, novembro 11, 2006

CELEBRANDO A VIDA!


A inveja é um dos sentimentos mais perigosos que existem. Pode levar a atitudes extremas e até criminosas. Mas, apesar disso, creio que existe um tipo de inveja "do bem". Aquela em que você pensa assim: "Queria ter estado no lugar dessas pessoas ou ao lado delas!". Foi este tipo de inveja que me acometeu quando assisti em DVD ao maravilhoso show "Tambores de Minas" de Milton Nascimento. Como gostaria de ter visto toda aquela beleza de perto, ao vivo e a cores! Uma frustração que nunca será totalmente superada, mas que é amenizada pelo belo registro do show em DVD.
Na segunda metade da década de 90, Milton Nascimento enfrentou o drama causado por doença que avançou rapidamente, tornando o nosso rechonchudo cantor numa figura quase esquelética em pouco tempo. Os boatos começaram. Muitos afirmavam convictos que Milton estava com AIDS e que seus dias estavam contados. Cheguei a presenciar o choro de uma professora da UERJ, lamentando que aquele cantor tão maravilhoso morreria prematuramente em função da temível e terrível doença. Na época tinha poucas informações a respeito e me preparei para receber a notícia de seu falecimento a qualquer momento. Era irônico, pois eu tinha me apaixonado pela obra deste mestre da música brasileira há pouco tempo. Confesso que fiquei bastante decepcionado.
O tempo passou, e meu envolvimento com as questões da faculdade me afastou um pouco do assunto. Até que fiquei sabendo que a doença nada tinha a ver com a AIDS. Seria uma manifestação incomum de um tipo de diabetes. Depois ouvi as palavras do próprio Milton afirmando que estava se recuperando e que estava magoado com aqueles que haviam inventado o maldoso boato da AIDS. Pouco tempo depois desta entrevista, fiquei sabendo do álbum "Nascimento". Sim, uma nova obra de Milton Nascimento estava chegando, dessa vez reverenciada pelo Grammy de melhor álbum de World Music.
Na verdade, "Nascimento" era um renascimento do cantor. Melhor, uma reinvenção e, acima de tudo, uma reconciliação com a vida. Foi realmente um novo nascimento para o Milton. A tradicional boina foi abandonada e surgiu um Milton ainda muito magro em função da doença, mas com os cabelos e cabeça totalmente a mostra. A novidade não era só visual. Em termos musicais, o álbum trazia elementos das festas religiosas de Minas Gerais. Uma profusão de instrumentos de percussão, lembrando as festas de rua das comunidades negras mineiras e sua junção com as celebrações católicas. Milton se reconcilia com os tambores de Minas, busca em suas próprias origens o material para o seu renascimento.
O show "Tambores de Minas", lançado após o álbum "Nascimento", traz esta reconciliação de Milton Nascimento com a vida e com a cultura popular mineira. O espetáculo se inicia com as palavras do cantor, fazendo referência aos problemas que enfrentou e anunciando que aquele show é uma celebração à vida. Há uma concepção teatral em cada detalhe do espetáculo. Nove jovens atores, cantores, bailarinos e acrobatas participam o tempo todo. As roupas deste elenco representam as vestes dos participantes das festas religiosas mineiras. Todos eles tiveram aulas de canto e de percussão e fazem bonito durante o espetáculo.
O repertório mistura faixas do álbum "Nascimento" com grandes sucessos da carreira do cantor. O resultado final do espetáculo é emocionante. A entrega de Milton é total. É visível a sua emoção em cada canção. Ainda mais notável em músicas como "O Rouxinol", que diz o quanto a música o ajudou a superar seus piores momentos, e em outras canções como "Nos Bailes da Vida" e "Canções e Momentos" que falam sobre a arte de cantar.
Confesso que quase fui às lágrimas em muitos momentos. A energia do cantor, a forma como se sente feliz quando está com o seu público, a celebração da vitória da vida sobre a morte, a beleza das inigualáveis melodias criadas pelo mestre e seus grandes parceiros, e a interpretação emocionada são elementos que podem dar uma idéia da grandiosidade deste show.
Abri o texto dizendo que gostaria de ter estado no lugar das pessoas que assistiram aquele show ao vivo. Fica a lição. Na próxima vez que tiver a oportunidade de assistir a um show deste que é, na minha opinião, o maior cantor deste país, não deixarei passar novamente. Não importa a distância e os perigos que nos esperam em cada esquina das grandes cidades brasileiras. Mas, talvez tenha sido melhor só assistir a "Tambores de Minas" em DVD. Se eu tivesse estado lá, provavelmente não conseguiria conter as lágrimas como consegui em casa. E teria passado a maior vergonha! Um abraço a todos os amigos!

domingo, novembro 05, 2006

ALGUNS GRANDES VOCALISTAS


Quando nasceram as primeiras bandas de rock, deve ter nascido junto a discussão entre os fãs sobre qual é o melhor vocalista do rock. Esta questão permanece e desperta as maiores paixões, causando até desentendimentos. Afinal de contas, gosto é algo muito subjetivo. Óbvio que não pretendo meter a minha mão nesta cumbuca. Nem serei louco de tentar apontar o melhor vocalista. Apenas farei uma pequena listagem com alguns daqueles cujo o canto mais agrada os meus ouvidos. É claro que muitos outros que me agradam ficarão de fora, caso contrário seriam necessários uns três posts. Vão aqueles que estão mais "frescos" na minha memória agora, o que não quer dizer que sejam todos atuais. Chega de enrolação. Vamos a lista:

PETER GABRIEL - A fase áurea do Genesis não teria sido tão brilhante sem a presença marcante deste versátil vocalista. Seus vocais "interpretados", teatralizados são inconfundíveis. As longas suites da banda, com vários "personagens" devem muito a versatilidade e a teatralidade de Peter Gabriel. Mesmo em sua atual carreira solo, em discos sublimes como "Ovo" e "Up", temos um PG mais maduro, sem, no entanto, deixar de lado as qualidades que o colocaram como uma verdadeira unanimidade no cenário rock e pop.

CHRIS CORNELL - Um dos maiores trunfos do Audioslave é o talento deste vocalista, já respeitado desde os tempos do Soundgarden. Sua voz tem a energia necessária nas músicas com a pegada mais agressiva e , nas maravilhosas baladas desta grande banda, todo o seu talento fica ainda mais evidente. O Audioslave trouxe o "rockão" , tocado apenas com guitarra, baixo e batera, de volta, tudo capitaneado pela bela voz de Cornell. Um dos vocalistas mais admirados de hoje.

STEVE HOGARTH - Muitas pessoas conhecem o Marillion pela música Keyligh, da época em que o vocalista Fish ainda estava a frente dos microfones. Muitos saudosistas ainda consideram que o Fish é o grande vocalista da banda e etc. Conversa fiada. Desde 1989, um cara chamado Steve Hogarth assumiu os vocais desta maravilhosa banda e a mudou completamente. A banda que era equivocadamente considerada uma cópia do Genesis na época do Fish, passou a ter uma identidade própria e a entrada de Hogarth foi fundamental neste processo. A bela, grave e bem postada voz de Hogarth combina com os novos elementos pops incorporados ao som da banda nesta nova fase. Apesar disso a alma progressiva da banda continuou, só que enriquecida por estes novos elementos e pelo talento deste novo vocalista.

MIKE PATTON - Toda boa lista tem um porra louca. Aqui não poderia ser diferente. Esse lunático que começou em bandas de Deth Metal, combinou perfeitamente com o som caótico da extinta banda Faith No More. A partir do segundo álbum da banda, "Angel Dust", o cara começou a variar os timbres de voz, brincar de imitar tipos característicos de vocalistas e fazer todo tipo de loucura que você possa imaginar. Numa única música o cara fazia a voz tipo Elvis, Rick Astley e a sua própria. Nem Barry White escapava de suas brincadeiras com a voz. O cara acabou se tornando, na minha opinião, um dos maiores vocalista de todos os tempos. Tinha todos os elementos bombásticos: excelente voz, variação de timbres, criatividade, nenhum medo de passar ridículo, energia e muita loucura! Sabe qual é a notícia mais recente que tive do cara? Fez um dueto com a Bebel Gilberto! Já imaginou!

CHRIS MARTIN - Quem conhece o rock pop honesto e de excelente qualidade do Coldplay, sabe que suas melódicas canções devem muito aos vocais característicos e emocionados deste talentoso vocalista. Sua forma serena de cantar, seu timbre de voz bem singular, e a emoção que coloca em cada verso, fazem deste pouco lembrado vocalista um dos melhores da atualidade.

STUART MURDOCH - Há pouco tempo entrei em contato com o som da banda alternativa Belle and Sebastian, e já me apaixonei completamente. Destoando totalmente das regras da música da moda, a banda busca na inspiração no passado e no som limpo e delicado a sua própria identidade. Neste sentido é quase impossível também não cair de amores pela delicadíssima voz deste vocalista único no mundo do rock. Sua voz extremamente suave e delicada é diferente de tudo que domina as rádios hoje em dia. Um ótimo consolo para aqueles que gostam de boa música!
Obs.: Deixem as suas opiniões sobre os vocalistas da lista, falem dos seus preferidos, façam a sua própria lista! O espaço aqui é de vocês!