RESTINGA MUSICAL

Este modesto espaço tem como objetivo permitir que um apaixonado por música compartilhe seus gostos e reflexões sobre o mundo musical com seus amigos e visitantes.

domingo, outubro 15, 2006

O MUNDO(MUSICAL)DÁ MUITAS VOLTAS!

Cá estamos nós, em pleno ano 2006. Enquanto escrevo este post, estou ouvindo músicas de bandas como BELLE AND SEBASTIAN, MUSE e SPOCK´S BEARD. São minhas mais novas descobertas. Digamos que eu esteja começando a curtir a “onda” independente. Mas o início da minha paixão pela música nada tem a ver com um cenário alternativo. Para falar a verdade, o início dessa história não é nobre nem sofisticado. E sempre que adentro em uma nova fase da minha vida musical, inevitavelmente começo a pensar na origem e em todo o caminho percorrido até aqui.
Gosto de dizer que o início da minha paixão por música é no ano de 1986, quando consegui o meu primeiro disco da Legião Urbana, o lendário álbum LEGIÃO URBANA 2. Esta informação não é totalmente correta. Este álbum é sim um começo, mas não a origem de tudo. A partir deste histórico álbum da Legião, comecei a me interessar mais seriamente por música e a dar asas a esta minha paixão musical. Entretanto, os primeiros “amores” musicais são anteriores, de uma época em que o gosto pela música não estava consolidado, mas o encantamento já acontecia.
Tenho que admitir que os primeiros momentos de encantamento ocorreram com as músicas consideradas bregas. A primeira influência musical sempre vem dos pais, por isso ouvia Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Agepê , Renato e seus Blue Caps, Lafayete, Evaldo Braga, The Fevers e, é lógico, muito chorinho. Ouvia muitas outras coisas, bem mais “bregas” que as citadas anteriormente. No início dos anos 80, cheguei ao fundo do poço de ouvir a 98 FM, que tocava até o rei das empregadas domésticas, Elymar Santos. Não entendam mal, nunca fui fã do Elymar, só ouvia a 98 e gostava.
Uma música dessa época que me encantou bastante foi DE VOLTA PARA O ACONCHEGO, cantada pela arretada Elba Ramalho. Podemos considerá-la um hino brega, assim como DONA... esses animais... hehhe! Gostava de tudo isso. Mas, como já disse, em 1986 a Legião Urbana entrou na minha vida. Tudo começa a mudar. O rock entra no meu mundo musical de forma avassaladora! Percebo que esse é o gênero musical que combina com a minha alma.
Mas, tudo muda o tempo todo. Entre 1987 e 1988 entro numa fase evangélica, e dá-lhe REBANHÃO, SOM MAIOR e muitos outros. Em 1989 a Legião, com o clássico AS QUATRO ESTAÇÕES e o rock entram de novo no pequeno mundo de Evandro. Na virada para os anos 90, houve um passagem quase natural para o hard rock. A MTV chega ao Brasil, junto com ela Guns n´ Roses e FAITH NO MORE, uma das minhas banda preferidas até hoje. Do hard rock para o Heavy Metal e o Trash Metal foi um pulo. Entram em cena, Iron Maiden, Metallica, Megadeth, Antrax e outros. É uma fase radical. Qualquer música que não fosse pesada era considerada lixo comercial. O pop internacional que eu gostava nos início dos anos 80, passa a ser odiado.
A UERJ entra na minha vida. Aos poucos o radicalismo do som pesado vai sendo rompido pelo encantamento com Zé Ramalho, Milton Nascimento e o rock progressivo. Começo a perceber que gostar de coisas diferentes ao mesmo tempo não é ser contraditório, é ser eclético. Essa foi a maior das evoluções. Depois veio a música clássica.
Um novo capítulo. A Simone entra na minha vida. A melhor coisa que poderia me acontecer. Resolvo os meus problemas do coração e de quebra, desperto o meu interesse para outros nomes da MPB. Também devo a Simone o fato de não me envergonhar mais de gostar de pop internacional e determinadas vertentes da música dançante.
A partir daí, me torno um tarado por música. Quero “devorar” o maior número possível de gêneros e artistas. Não há mais preconceito. Posso curtir até o “Robertão” das antigas numa boa. Procuro bandas alemãs de rock progressivo, sinfonias de Tchaikovsky, a música do clip mais pedido de um programa televisivo, uma raridade da MPB, rock gospel internacional, os chorinhos de Waldyr Azevedo, o camaleão David Bowie e muitas outras coisas diferentes, como o rock independente das bandas citadas no início. Por que limitar, se podemos “conquistar” toda a beleza que só esse fenômeno inexplicável chamado música pode nos dar? Viva a diversidade musical!

sábado, outubro 07, 2006

ÁLBUNS OBRIGATÓRIOS

Estréia hoje no “Restinga Musical” uma atração que deverá ser fixa. Pelo menos uma vez por mês, pretendo falar de grandes álbuns que considero clássicos e obrigatórios para quem gosta de boa música. Obviamente, o “bom” gosto é algo muito subjetivo. Por isso, entendam esta nova “coluna” do nosso blog mais como recomendações bem intencionadas do que a pretensão de estabelecer um padrão de bom gosto. A obra musical que terá a honra de inaugurar a coluna ÁLBUNS OBRIGATÓRIOS é um clássico de peso, inquestionável para os fãs do rock progressivo:

GENESIS - FOXTROT
Uma das maiores pérolas da história do rock progressivo. Lançado no início dos anos 70, mais precisamente em 1972, este álbum talvez seja o disco com maior riqueza melódica do rock progressivo. A imponente “Watcher of the Skies” não poderia ser mais perfeita para iniciar este belo álbum. Seu clima introspectivo e um tanto soturno e sua letra reflexiva e metafísica dão uma boa mostra de que não se trata de um “produto” qualquer.
A sublime e imperdível “Time Table”, com sua melodia delicada e sua letra historicista mostra que, mesmo mudando o tom em relação a faixa anterior, a alta qualidade permanece.
Continuamos a viagem por este clássico com a mini-suite “Get ‘em Out by Friday”, uma das canções mais empolgantes do disco. Peter Gabriel “interpreta” vários personagens em seus vocais. A letra com ares de ficção científica e crítica social completa o rico menu desta faixa.
O arranjo de cordas na instrumental “Horizons” é simplesmente divino, demonstrando todo o talento do guitarrista Steve Hackett. É digno de nota o clima medieval da canção.
Fechando esta obra-prima de forma soberba está a irretocável suite “Supper´s Ready”. Cada um dos vinte e três minutos desta canção é de puro prazer para quem gosta da combinação entre beleza melódica, unidade melódica, virtuosismo musical, vocais “interpretados” e clima épico.
Geralmente as suites progressivas deste porte acabam sendo uma desculpa para os músicos exibirem o seu virtuosismo. Muitas vezes não há uma unidade melódica e até o sentido da letra se perde pelo caminho. Nada disso acontece em “Supper´s Ready”. Trata-se de uma canção com enorme duração, que não se torna cansativa em momento algum. A música não perde o foco. Apesar dos momentos bem distintos, há um fio condutor que perpassa todas as subdivisões da canção. A grandiosidade típica das sinfonias está presente, contrabalançada por momentos de delicadeza e até momentos quase cômicos.
Quem quiser conhecer mais a fundo esta banda fantástica, comece por esta obra-prima ou por uma de suas canções. A satisfação é garantida!